É necessário fazer um testamento? Saiba quando ele faz diferença! 

Falar sobre morte sempre foi um tabu. Mesmo nos dias atuais, com tanta informação e tecnologia, esse ainda é um tema delicado. O fato é que não conversar sobre a única certeza que temos na vida pode trazer consequências sérias, principalmente quando o assunto envolve patrimônio e relações familiares.

As relações familiares, por si só, já são complexas. Quem nunca ouviu falar de uma família que, após a perda de um ente querido, além de enfrentar o luto, precisou lidar com questões burocráticas e, muitas vezes, conflituosas, envolvendo inventário, testamento e partilha de bens?

É nesse cenário que surge a importância do planejamento sucessório.

Como o  testamento pode ser utilizado no planejamento sucessório?

O testamento é um instrumento jurídico que permite ao indivíduo deixar registradas suas vontades para depois de sua morte.
Ele pode abranger não apenas disposições patrimoniais, mas também pessoais, como preferências quanto ao funeral, a entrega de objetos de valor afetivo ou até mesmo cuidados com animais de estimação.

Mais do que uma formalidade, o testamento pode ser uma estratégia inteligente para facilitar a partilha de bens, evitar disputas familiares e assegurar que a vontade do testador seja respeitada.

Exemplo prático:

Carlos era casado sob o regime da comunhão parcial de bens. Tinha cinco filhos, dois do primeiro casamento, além de uma empresa de construção civil fundada na constância da união com Mônica. Antes desse relacionamento, já possuía alguns imóveis, carros e ativos financeiros.

Preocupado em evitar conflitos entre os filhos e proteger sua companheira, Carlos decidiu elaborar um testamento público em cartório. Nele, destinou parte de seus bens particulares (anteriores à união) para Mônica.

Após sua morte, o testamento foi cumprido: Mônica recebeu os bens a ela destinados, enquanto a parte legítima (50%) foi partilhada entre os filhos.
O resultado foi uma partilha clara, sem discussões acirradas, que respeitou tanto a lei quanto a vontade do falecido.

Nesse caso, o testamento foi utilizado de forma estratégica para equilibrar direitos e preservar vínculos familiares.

Tipos de testamento no Brasil

O Código Civil prevê diferentes formas de testamento, cada uma adequada a situações específicas:

  1. Testamento público: Feito em cartório, assinado por um tabelião e assinado pelo testador e duas testemunhas.
  2. Testamento cerrado: Escrito pelo testador (ou a seu pedido), lacrado e aprovado em cartório.
  3. Testamento particular: Escrito e assinado pelo testador, na presença de três testemunhas.
  4. Testamento marítimo: Realizado a bordo de navio, perante o comandante.
  5. Testamento aeronáutico: Feito durante voo, perante o comandante da aeronave.
  6. Testamento militar: Voltado a militares em campanha, em situações de guerra ou missões especiais.

Quando o testamento pode ser considerado inválido?

O testamento pode perder a validade em algumas situações, como:

  • Descumprimento dos requisitos legais (falta de testemunhas, ausência de assinatura, irregularidade formal).
  • Disposição sobre mais do que 50% do patrimônio, quando existirem herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge).
  • Existência de vício de vontade (erro, fraude ou coação).

Por isso, é fundamental contar com orientação profissional especializada na hora de elaborar um testamento. Assim, você garante que suas disposições respeitem a lei e que sua vontade seja cumprida de forma legítima.

Afinal, é necessário fazer um testamento?

Necessário, não.  Mas em muitas situações, ele pode ser a diferença entre uma partilha tranquila e uma disputa familiar duradoura.

O testamento é especialmente recomendado quando o objetivo é:

  • Proteger um companheiro ou cônjuge em uniões onde já existam filhos de relacionamentos anteriores;
  • Ampliar os direitos de quem esteve presente ao longo da vida;
  • Evitar conflitos familiares, registrando de forma clara as vontades do testador;
  • Dispor de bens de valor afetivo, que poderiam gerar disputas.

Mais do que uma questão patrimonial, o testamento é uma expressão de cuidado e responsabilidade. Ele assegura que decisões importantes não fiquem à mercê de conflitos ou interpretações divergentes após a morte.

Conclusão

O testamento não é obrigatório, mas pode fazer toda a diferença para quem deseja proteger sua família, evitar brigas e garantir que sua vontade seja respeitada.

Em última análise, trata-se de uma forma de preservar vínculos familiares e de deixar um legado de tranquilidade, ao invés de disputas.

Se você deseja entender melhor como funciona a elaboração de um testamento ou como ele pode ser usado no seu planejamento sucessório, clique aqui e agende um atendimento.

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